Ciesp critica governo pela crise: não temos mais onde cortar
"Já demitimos, já economizamos água, energia, deixamos de investir", desabafou o diretor do Centro das Industriais do Estado de São Paulo
Na avaliação da Ciesp (Centro das Industriais do Estado de São Paulo), regional Campinas, as empresas não têm mais onde cortar e se a crise continuar nesse ritmo as industrias podem parar. "Já não temos onde cortar, já demitimos, já economizamos água, energia, deixamos de investir", disse o diretor da Ciesp, José Nunes Filho. "Essa crise é o retrato da falta de vergonha na cara dos governantes", criticou e chegou a chamar os membros do governo e da equipe econômica de "safados, corruptos", em coletiva com a imprensa nesta tarde.
Diante dos resultados negativos frente ao atual modelo econômico adotado no país, o empresariado da região de Campinas reclama da taxa de juros, queda de vendas, exportações e, em decorrência disso, a dispensa de postos de trabalho nas empresas. Ao apresentar os números negativos das 500 empresas nos 19 municípios associados a Ciesp Campinas cujo faturamento em conjunto é de R$ 37,18 bilhões ao ano.
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"Se tiver que parar a minha indústria, eu paro. Não é problema nenhum. A CUT (Central Unica dos Trabalhadores) também não faz greve? Esse é meu sentimento de revolta com essa politica econômica desse país", disse o diretor titular da Ciesp Campinas, José Nunes Filho. Para ele, o empresariado está sendo penalizada com o aumento dos impostos que, segundo ele, foram "congeladas no ano passado, até findar as eleições, e agora, esse ajuste fiscal, que eu chamo de arrocho fiscal que vai onerar ainda mais nós todos", falou. " Nós teremos que pagar a conta. Eu, vocês e o povo brasileiro", comentou o empresário.
De acordo com ele, em abril foram dispensados 500 postos de trabalho. Porém, no acumulado dos últimos 12 meses a queda da mão de obras na industria foi de 1.800 empregados. Paralelo a isso, o nível de confiança do empresariado estacionou desde o mês passado em 34 pontos passando para o vigésimo mês em quadro de pessimismo, estando 18,1 pontos abaixo da média histórica de 52,1 pontos.
Os setores com variações negativas mais significativas foram o de Equipamentos de Informática, Produtos Eletrônicos e Ópticos (-5,36%), Veículos Automotores e Autopeças (-1,14%); Produtos de Metal exceto Máquinas e Equipamentos (-0,92%) e Produtos de Minerais Não-Metálicos (-0,62%).
Embora a relativa estabilidade do saldo da balança comercial, as exportações e importações sofreram quedas de 23,2% e 23,7% respectivamente. A conta de comércio de abril/2015 foi 23,4% menor do que o mesmo mês em 2014. Houve diminuição nas exportações em 16,4% e nas importações de 15,9%, refletindo na redução geral de 16,1% da corrente do comércio e redução de 9,1% do déficit comercial.
"Já não temos mais onde cortar", sentencia o empresário Anselmo Riso ao analisar que sua empresa pesa nos cálculos negativos das contas da Ciesp Campinas. No mês de abril a sua empresa foi uma das que sofreram uma redução involuntária de 7,4% nas exportações. De acordo com ele, o cenário de negatividade, com redução no comportamento no ritmo e vigor das industrias deve continuar nos próximos meses com queda nas vendas, na produção e nos postos de empregos. Ele prevê uma retomada, talvez, em 2016.