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Cervejeiros lucram com rótulos de banda; confira dicas

Empreendedores da área contam como tocar um negócio tido como de luxo no Brasil

16 mar 2014 - 09h00
(atualizado em 28/3/2014 às 15h26)
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As cervejas artesanais caíram no gosto do brasileiro, mas com os preços mais altos do que as tradicionais, a opção foi colocada no segmento dos itens de luxo no Brasil. Gourmet, artesanal ou caseira, todos os atuais nomes para o produto levam a marcas cujos donos se arriscaram para transformar uma paixão em negócio, alguns deles muito rentáveis.

Uma saída financeira bem atraente para as cervejarias menores tem sido os rótulos ligados a bandas. A Karavelle, por exemplo, irá produzir em fevereiro 15 mil litros para o grupo santista Aliados. Em experiências anteriores, a empresa já fechou seis rótulos especiais para a Rádio 89, marca que virou um produto de linha da fabricante. Além de um lançamento de aniversário para a banda de reggae Planta e Raiz. Foram feitos 5 mil litros na ocasião.

O diretor-geral da Karavelle, Otávio Veiga, aponta também a criação de um bar para divulgar a bebida como uma boa saída, ele já tem um nos Jardins, em São Paulo, e programa o lançamento de uma nova casa em abril. “É preciso ganhar a confiança do consumidor, o que implica 24 horas de trabalho e dedicação completa.”

Veiga defende a originalidade como fator obrigatório no setor. “Além da qualidade, é preciso aproveitar o fato de ser pequeno para selecionar ingredientes especiais e organizar o processo de produção com uma montagem delicada da receita”, diz.

A marca que atualmente emprega 100 pessoas foi lançada oficialmente em 2010, mas apenas agora ganhou mais visibilidade na televisão apoiada pelo novo sócio no negócio, o cantor Seu Jorge, que entrou no time há três anos. Eles fabricam 200 mil litros, têm sete estilos de cerveja, 15 rótulos e faturam cerca de R$ 1,3 milhão por mês.

Para o diretor da Colorado, Ronaldo Morado, as micro cervejarias são uma excelente oportunidade de empreendedorismo. “As pessoas começam pela paixão e vão longe. É preciso apenas se cuidar para não esbarrar na questão administrativa”, alerta.  De acordo com ele, pensar estrategicamente é essencial para que se controle a qualidade, “caso haja um problema com o produto você saberá como identificá-lo mais rapidamente”, explica.

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Levando em conta que o custo de cerveja é composto 50% de impostos e de olho nos cervejeiros que começam em casa, vendendo para os amigos e para a família, ele diz que é importante ter todos os custos da produção na ponta do lápis e a medida que a demanda for crescendo desenvolver um bom diferencial em sabor, aroma ou cor.

Na Colorado, ele trabalha com oito rótulos, cinco de linha e três sazonais. Também lá, as bandas marcaram presença, mas não com tanta facilidade. “Sempre recebíamos pedidos para criação de bebidas exclusivas, mas nunca nos identificamos com a ideia”, conta. No entanto, em outubro do ano passado, o aniversário de 30 anos dos Titãs fez com que eles mudassem de estratégia. “Imediatamente quisemos fazer e foi um sucesso. Era uma cerveja escura, mas refrescante, com leve toque de álcool e de cascas de laranja”, detalha. Foram fabricados 50 mil litros, todas as 80 mil garrafas vendidas, com a intenção de produzir mais um lote em outubro deste ano. “O que o Brasil chama de cervejas especiais são apenas os outros 79 tipos que existem no mundo, mas que aqui são pouco explorados.”

O dono da cervejaria gaúcha Coruja, Micael Eckert, defende que há várias formas de entrar no ramo. Pode ser por meio de um bar com variedade de rótulos e de cervejas em barris, da produção de uma parte das bebidas que são vendidas em cervejaria própria, uma micro cervejaria especializada em eventos específicos, além da opção de desenvolver as receitas das cervejas, terceirizar a produção com micro cervejarias ou distribuir. “Sempre existe mercado para bons produtos”, acredita.

Na onda do beber menos e com mais qualidade, Eckert e seu sócio Rafael Rodrigues produzem 40 mil litros e, em 2011, abriram parte da sociedade para um novo parceiro da fábrica que produz a Coruja em Forquilhinha, em Santa Catarina.

No caso do pernambucano Samuel Cavalcanti, dono da paranaense Bodebrown, o interesse pelo assunto surgiu na faculdade de Química. “Me encantei quando começamos a aprender sobre os elementos fermentados”, conta. A partir daí, ele não parou mais, especializou-se em Berlim, na Alemanha, e depois em Chicago, nos Estados Unidos. Hoje a cervejaria emprega 12 pessoas, produz pelo menos 12 tipos de cerveja, 16 mil litros por mês, com faturamento no período de até R$ 400 mil. Seu rótulo mais caro custa R$ 15.

Ele atribui como dica valiosa para os futuros empresários da área, um conhecimento avançado do assunto, informações sobre os bastidores da produção da bebida e dos aparatos tecnológicos necessários para que o produto seja entregue com qualidade. “Estamos vendo um renascimento da cerveja artesanal, conhecendo vários tipos de produto que até então não haviam se popularizado no País, o bom cervejeiro deve usar essa fase como inspiração para novas criações, novos sabores também”, recomenda.

Esse mercado ainda pequeno é visto pelo dono da Krug-Bier, Herwig Gangl, como uma oportunidade. O austríaco que já possuía uma fábrica na Europa viu no Brasil um potencial de consumo para o segmento. Ele se mudou para Belo Horizonte e montou a primeira microcervejaria de Minas Gerais, onde são produzidos 200 mil litros por mês. “O interesse pelo produto ainda deve crescer (no Brasil) de maneira acelerada, fenômeno que aconteceu há alguns anos nos Estados Unidos, e deve virar realidade por aqui”, aposta.

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Fonte: Terra
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