Faróis de xênon não podem ser adaptados nos carros; entenda
Há alguns anos virou mania de motoristas brasileiros instalarem em seus carros as lâmpadas de xenon, ou xenônio. Imediatamente iniciou a discussão entre condutores, especialistas, fabricantes e governantes: é ou não seguro usar lâmpadas desse tipo? Elas podem ser instaladas em qualquer veículo? Quais as vantagens delas? E apesar de até uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) já ter sido publicada para regulamentar a utilização, muitos motoristas ainda têm dúvidas.
Para começar, é bom saber qual a diferença entre uma lâmpada de gás xenônio e uma lâmpada halógena, a mais utilizada no Brasil. O gerente nacional de Vendas e Marketing da Divisão de Lâmpadas Automotivas e Especiais da Osram, Ricardo Leptich, explica que as de xenônio emitem até três vezes mais luz do que a comum. Isso proporciona maior visibilidade lateral e a longa distância para o motorista.
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Além disso, elas consomem menos energia, 35 wats contra 55 wats das halógenas e duram o dobro do tempo. As lâmpadas de xenônio emitem luz branca, e nos modelos originais possuem temperatura de cor de 4.200 kelvin, e algumas versões chegam a 5 mil K. “Isto faz com que a luz seja mais branca do que as lâmpadas halógenas, que emitem luz com temperatura de cor de 3.200 K”, diz Leptich.
Assim, elas garantem algumas vantagens em relação às comuns. Os carros que saem de fábrica equipados com lâmpadas de xenônio possuem um sistema de faróis mais eficiente, com mais visibilidade. “Os faróis originais com a tecnologia xenônio possuem um controle especial, denominado controle de nível. É responsável por direcionar automaticamente a luz projetada de acordo com o posicionamento do carro em relação ao solo (por meio de pequenos motores instalados nos faróis), evitando desta forma jogar uma grande quantidade de luz no olho do motorista que transita em sentido oposto”, explica.
Lepitch lembra que é obrigatório o uso de um sistema de limpeza das lentes dos faróis nesses veículos, para evitar a dispersão da luz. É uma garantia de que a luz será projetada para a pista de acordo com as normas técnicas internacionais, e evitará o ofuscamento do motorista que está no sentido contrário. E é aí que mora a desvantagem das lâmpadas de xenônio. “Se instalada em carros que não vieram com essa tecnologia original de fábrica, poderá causar ofuscamento aos motoristas que transitam no sentido contrário e assim causar acidentes”, alerta.
Isso, inclusive, foi um dos principais debates quando as lâmpadas de xenônio começaram a aparecer com mais frequência nas vias brasileiras. Muitos proprietários de carros resolveram instalar elas nos seus veículos, sem que eles tenham sido projetados para isso. Há no mercado brasileiro dois tipos de lâmpadas de xenônio. As originais de fábrica, para veículos que foram projetados para usá-las, e o modelo criado por empresas de reposição. “Trata-se de um kit de adaptação da lâmpada de xenônio para veículos que não foram produzidos com esta tecnologia”, comenta.
É retirado o sistema de faróis original, com lâmpadas halógenas, e feita uma adaptação nos carros para receber a de xenônio. Só que isso não funciona. “Essa mudança, adaptação, não é perfeita, pois o farol não foi projetado para essa tecnologia. A consequência é o ofuscamento, já que não é possível realizar a regulagem adequada do farol”. Como a parábola dos faróis comuns não foi projetada para essa lâmpada, a luz fica comprometida.
Dessa forma, nenhuma adaptação de lâmpada é recomendada, já que compromete o sistema de distribuição de luz que consta no projeto original. “No caso das lâmpadas de xenônio, uma mudança poderá provocar graves acidentes, já que irá oferecer um alto índice de ofuscamento no motorista que transita em sentido contrário”, salienta. Isso, inclusive, é norma do Contran. Na resolução 384 o Conselho proibiu a instalação do kit de adaptação. Apenas veículos que já saem da montadora com lâmpadas de xenônio podem contar com essa tecnologia. “É importante ressaltar que os veículos produzidos no Brasil utilizam lâmpadas halógenas nos faróis”, lembra.
