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Brics deve minimizar questão cambial, diz secretário

23 mar 2010 - 18h05
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O subsecretário de assuntos políticos do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Roberto Jaguaribe, afirmou nesta terça-feira que sua próxima reunião de cúpula, em abril, as quatro principais forças econômicas do mundo emergente não devem avançar no projeto de uma nova moeda global de reserva, mas buscarão impulsionar o comércio e o investimento mútuos.

Os líderes de Brasil, Rússia, Índia e China vão se reunir em Brasília nos dias 15 e 16 de abril pela segunda vez desde que criaram o grupo de forças emergentes conhecido como Bric.

As quatro economias discutiram anteriormente maneiras de se tornarem menos dependentes do dólar, cujo papel como moeda de reserva dominante, segundo alguns analistas, contribuiu para a instabilidade financeira durante a crise global em 2008 e 2009.

"Tinha uma expectativa grande sobre o tema moeda. Acho que nao deveria se esperar uma revolução dos Brics sobre isso", afirmou Jaguaribe. "Todo mundo tem interesse no dólar e depende dele."

Desde o primeiro encontro do grupo, na cidade russa de Yekaterinburg, em junho do ano passado, não houve progressos concretos na questão cambial, afirmou Jaguaribe.

O termo Bric foi criado em 2001 pelo economista do Goldman Sachs Jim O&aposNeill para descrever a crescente força de economias emergentes. O grupo representa 40% da população mundial e cerca de 20% da economia global.

Mas Jaguaribe tentou minimizar a ideia de que os países do Bric objetivam substituir o tradicional grupo do G8, formado pelas nações mais ricas.

"É preciso ir com cautela. Não queremos nos opor a tudo, não temos ambições de criar as novas regras para o mundo", disse Jaguaribe.

A demanda central do grupo continuará sendo ter mais voz nas questões globais e em organizações multilaterais, como a Organização das Nações Unida (ONU), Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI).

"O tema principal é governança internacional", disse o subsecretário sobre o encontro, que será precedido por uma reunião de líderes de Brasil, Índia e África do Sul.

Olhando internamente

Pela primeira vez, os quatro líderes vão tentar fortalecer laços comerciais e de investimento entre si. "Certamente estamos olhando mais para dentro que no ano passado", disse Jaguaribe.

Paralelamente às conversas, delegações de empresários, executivos de bancos, cooperativas e bancos de investimento estatais discutirão oportunidades de negócios.

"A ideia é que bancos estatais ajudem a financiar o desenvolvimento comercial."

Após um empréstimo no ano passado de US$ 10 bilhões à Petrobras, a China pode realizar investimentos adicionais nas novas e maciças reservas de petróleo brasileiras. "Podemos esperar negócios desse tipo", disse Jaguaribe.

Embora o fluxo comercial entre as nações em desenvolvimento tenha crescido significantemente na última década, ele ainda está longe do que poderia ser, disse o diplomata.

O comércio do Brasil com países que não fazem parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) subiu de 33% em 1988 para 52% em 2008, segundo Jaguaribe.

"O comércio aumentou, mas ainda não criamos os canais de interface com eles", afirmou Jaguaribe.

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Fonte: Invertia Invertia
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