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Veto chinês a variedades de soja brasileira preocupa mercado

27 mai 2013 - 07h21
(atualizado em 28/5/2013 às 10h48)
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Uso de sementes geneticamente modificadas aumenta a produtividade do cultivo e a resistência a pragas nas lavouras
Uso de sementes geneticamente modificadas aumenta a produtividade do cultivo e a resistência a pragas nas lavouras
Foto: Embrapa

Uma insurgência chinesa à soja transgênica causa temor entre os produtores. Recentemente, a China bloqueou a importação de algumas variedades transgênicas do grão brasileiro. A demora na aprovação chinesa de novas sementes modificadas geneticamente levou uma comitiva do Ministério da Agricultura a Pequim, para reunião no dia 14 de maio. Até agora, no entanto, o gigante asiático, maior comprador de soja do Brasil, ainda não liberou a entrada das novas variedades.

Entre as variedades à espera de aprovação, encontram-se a Cultivance, fruto da parceria entre Embrapa e Basf, e a Intacta RR2, da Monsanto. Enquanto a barreira chinesa não é transposta, a Associação Brasileira dos Produtores de Soja recomenda que não sejam cultivadas as sementes Intacta RR2. O uso comercial da variedade já foi permitido no Brasil, na Argentina, no Japão e na União Europeia.

“Artimanhas”

O processo de liberação de sementes geneticamente modificadas tende a levar mais tempo na China. Para piorar, o país não costuma dar muitas explicações. Mas não é só isso: as declarações de líderes e autoridades chinesas também são vistas com muita desconfiança pelo mercado, especialmente nos Estados Unidos. É praticamente unânime entre consultores que a China, com uma demanda cada vez maior, utiliza estratégias para “jogar” com o mercado.

O investimento em soja transgênica se dá exatamente por conta da necessidade crescente de consumo do país asiático. Com a cultivar Intacta RR2, da Monsanto, por exemplo, a produtividade brasileira poderia subir a 60 sacas por hectare, conforme estimativa. A média atual é de 49,2 sacas por hectare.

“A China tem consciência de que cada movimento dela causa transtorno no mundo. Eles utilizam artimanhas nas negociações cujos objetivos nem sempre se podem compreender. Causou um enorme impacto a proibição de algumas cargas do Brasil e da Argentina, mas a verdade é que eles não têm como deixar de comprar soja da América do Sul e dos EUA”, avalia França Junior, analista de mercado de soja da consultoria Safras & Mercado.

Principal mercado

Uma das principais autoridades da China no setor não deixa dúvidas de que, por muito tempo, o país ainda dependerá dos transgênicos. “É inevitável à China importar alimentos geneticamente modificado por um longo período de tempo”, disse Chen Xiwen, líder do Grupo de Trabalho Rural do Comitê Central do Partido Comunista, em março deste ano, em entrevista ao jornal China Daily.

A China compra aproximadamente 70% da soja em grão exportada pelo Brasil. De acordo com a consultoria Céleres, cerca de 75% da área semeada de soja em solo brasileiro é transgênica. No Rio Grande do Sul, a parcela da área transgênica chega a 98%. A regulamentação sobre alimentos geneticamente modificados foi implementada na safra 2003/2004 no Brasil.

Produtividade

As sementes transgênicas aumentam a resistência às pragas e elevam a produtividade nas lavouras. Segundo consultores, o Brasil não seria capaz de competir com outros grandes produtores de alimentos sem os transgênicos, por conta da infraestrutura precária. Organizações como o Greenpeace, no entanto, se opõem ao consumo e à comercialização de alimentos geneticamente modificados. Entre os países que mais utilizam sementes transgênicas, estão Estados Unidos, Brasil, Argentina, Canadá, Índia e a própria China.

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