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Para duplicar faturamento, McCain mira mercado brasileiro

4 jun 2013 - 07h11
(atualizado às 07h11)
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Brasil produz 1% das batatas do mundo, com 3,6 milhões de toneladas/ano
Brasil produz 1% das batatas do mundo, com 3,6 milhões de toneladas/ano
Foto: Shutterstock

Após completar 20 anos de atuação no Brasil, no fim de 2012, a McCain Foods - líder mundial em produção e venda de batatas pré-fritas congeladas - tem planos ousados para o País. A importância do mercado brasileiro, aliada a dificuldades de importação do produto fabricado na Argentina, motivou a empresa canadense a determinar a transferência de sua sede regional de Buenos Aires para São Paulo e a contratar, para o cargo de diretor executivo, um brasileiro. A meta do grupo é duplicar o faturamento global em cinco anos.

No ano passado, disputas aduaneiras entre Argentina e Brasil atrapalharam as vendas da McCain e chegaram a paralisar as operações da unidade da empresa em Balcarce, na Argentina. O mercado brasileiro é o destino de 65% da produção da fábrica, que destina os outros 35% ao mercado interno e a países vizinhos, como Paraguai, Uruguai, Chile, Venezuela, Colômbia, Bolívia e Peru.

Em uma medida similar à adotada pelo gigante da soja El Tejar, a McCain colocou um CEO brasileiro, Paolo Andra Picchi, ex-Danone, no comando das operações regionais. Em entrevista ao jornal La Nación, em abril, Picchi garantiu, porém, que o foco no Brasil não implica em uma saída da Argentina. Segundo ele, apesar dos custos crescentes no país de Cristina Kirchner, a batata argentina é uma das melhores do mundo, com qualidade superior àquela produzida no Brasil.

Trajetória

Conforme Graziela Bueno, diretora de Marketing da McCain Brasil, a chegada da empresa ao País, na década de 90, ocorreu em uma época em que o consumo de batata congelada inexistia. Tanto restaurantes quanto consumidores tinham o hábito de descascar as batatas para fritar.

A McCain passou a atuar no Brasil em 1992 e, três anos depois, investiu 160 milhões de dólares na inauguração da unidade em Balcarce, na Argentina, para atender ao Mercosul. Em 1997, o consumo era de 300 gramas per capita. Dez anos depois, foi atingida a marca de 700 gramas. Esse índice mais do que dobrou em 2012, atingindo 1,5 quilo per capita. Apesar do crescimento, segundo Graziela, há ainda uma grande distância de países europeus, cuja média é de 15 quilos per capita.

Estruturada no mercado brasileiro, a McCain estabeleceu, como meta, ampliar a presença no prato do cidadão, no qual proteínas, arroz e feijão têm a preferência. Estimativas da empresa indicam que 80% da população consome batata frita e que, na média, esse consumo ocorre uma vez por semana. Para vencer os desafios de expansão, a transferência da sede da empresa cumpriria papel importante.

Os planos da empresa são ousados, com uma proposta de duplicação de tamanho em cinco anos, de US$ 6 bilhões a US$ 12 bilhões de faturamento. Para sua concretização, a América Latina é um mercado essencial. Assim, em 2012, a McCain anunciou a compra da divisão de batatas da empresa Belga PinguinLutosa por US$ 290 milhões. A aquisição foi considerada vital para os planos de expansão internacional. Na época, as vendas da PinguinLutosa no Brasil correspondiam a 10% do que a McCain comercializa no País.

Mercado

O mercado brasileiro se fortalece com o avanço das indústrias de batatas pré-fritas. Há, atualmente, uma indústria na Bahia e outra em Minas Gerais. Altos subsídios praticados na Europa, contudo, possibilitam que a batata importada chegue mais barata ao Brasil, mesmo com a taxação.

O País ocupa a 19ª colocação no ranking mundial, produzindo cerca de 1% do total de batatas, conforme a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). A liderança é da China, com 74,7 milhões de toneladas (23% do total produzido), seguida por Índia (11%), Rússia (7%) e Ucrânia (6%).

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a área do cultivo de batata na safra 2011/12 foi de 133.284 hectares: 9% menor do que a anterior. Já a produção caiu 7% e somou 3,62 milhões de toneladas. Minas Gerais lidera nos dois rankings, com 29% da área cultivada e 33% do total produzido. Nas cinco primeiras posições, aparecem ainda, pela ordem, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás.

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