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Contra a fome, Embrapa desenvolve projetos na África

28 mai 2013 - 07h13
(atualizado às 07h13)
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O investimento em agricultura é uma das alternativas para os problemas da fome e da desnutrição na África. Com essa premissa, uma unidade especial da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), desde 2006 instalada em Gana, compartilha tecnologias e conhecimentos da área para fomentar o desenvolvimento social e econômico das regiões onde atua. No continente, quase 200 milhões de pessoas passam fome atualmente, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.

O escritório da Embrapa em Accra, em Gana, coordena hoje 42 projetos com o intuito de aprimorar as práticas de agricultura no continente. Dezoito das ações são executadas na África Ocidental, 18 na Oriental, três na África Central e três na Central. Com abrangência superior a 20 países, esses projetos visam principalmente à transferência de tecnologias, à pesquisa e à capacitação de recursos humanos.

Conhecimento

A capacitação de profissionais de entidades irmãs é um dos destaques apontados por Carlos Santana, coordenador de projetos estruturantes da Secretaria de Relações Internacionais da Embrapa. Em 2012, foram sete capacitações com participação de pesquisadores envolvidos nos projetos da estatal na África. O curso de Técnicas Experimentais Agrícolas, por exemplo, inaugurou a realização de aulas do projeto Pró-Savana e se constituiu da primeira capacitação da Embrapa fora do Brasil. Com o apoio da Universidade Federal de Goiás, o evento ocorreu em Nampula, Moçambique, com 25 pesquisadores africanos.

Cotton 4

Outra das capacitações se refere ao projeto Cotton 4, que auxilia quatro países (Chade, Benin, Burkina Faso e Mali) no desenvolvimento da cultura do algodão na agricultura tropical. “Os pesquisadores desses países foram trazidos ao Brasil para a capacitação. Um dos grandes resultados desse projeto é demonstrar a importância de investir em pesquisa. Os pesquisadores já tinham um bom nível, mas no Brasil tiveram a primeira oportunidade de aplicar os seus conhecimentos na pesquisa. Foi apreciado pelos governos locais até em ponto de vista do aumento de salário”, afirmou Santana em entrevista ao Terra.

Pró-Savana

Um dos maiores projetos da Embrapa África é o Pró-Savana, em Moçambique. Com ele, a estatal quer transferir toda a experiência do Cerrado brasileiro para a região. A ação envolve a transferência de tecnologia com cultivares e atividades de capacitação de agrônomos e pesquisadores locais. No país, há diferentes campos experimentais, onde se assegura que a tecnologia transferida é adequada.

Potencial

Carlos Santana defende que esses trabalhos são do interesse do Brasil em função do potencial de crescimento da produção agrícola desses países. Segundo Santana, as atividades do Brasil na África posteriormente devem abrir portas de mercado e negócios para o País. “À medida que os países africanos desenvolvem a agricultura, aumenta a demanda por máquinas e insumos, criando um efeito multiplicado que passa a gerar essa demanda. Criam-se novos mercados que não são cativos. Há conhecimentos adquiridos lá que também utilizaremos aqui”, explicou.

Custos

Os projetos não são baratos. Por exemplo, apenas o Suporte Técnico à Plataforma de Inovação Agropecuária de Moçambique, um dos projetos executados naquele país, tem orçamento de US$ 12,1 milhões (aproximadamente R$ 24 milhões). Mas essa conta não é paga apenas pelo Brasil. Nesse caso, a US Aid o Ministério da Agricultura de Moçambique e a Agência Brasileira de Cooperação dividem as despesas.

Da mesma forma, a estatal brasileira busca acordos com diversas instituições internacionais para bancar seus projetos. Alguns dos parceiros do Brasil são o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (das Nações Unidas), Agência Internacional de Cooperação do Japão (no caso dos projetos ligados ao arroz),  US Aid (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) e a Fundação Bill & Melinda Gates.

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