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Com planejamento, produtores rurais têm acesso a crédito

16 mai 2013 - 07h13
(atualizado às 07h13)
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O momento não poderia ser melhor para obtenção de crédito rural no Brasil. A avaliação é praticamente unânime entre os especialistas. Esse ambiente favorável pôde ser medido na última edição da Agrishow, uma das maiores feiras agropecuárias do País, quando o acesso ao crédito foi recorde tanto para maquinário quanto para custeio e outras tecnologias.

Três componentes colaboram para esse cenário. O primeiro: o governo brasileiro tem expandido o crédito, especialmente para produção. O segundo: há uma perspectiva de aumento da capacidade de produção de alimentos nos próximos anos, conforme projeções nacionais e internacionais. O terceiro: cientes de que os gargalos de infraestrutura do País não podem ser resolvidos tão facilmente, produtores resolvem investir em tecnologia, a fim de tornar os processos mais eficientes.

Com isso, os números de eventos agropecuários recentes são muito positivos. Dos R$ 2,5 bilhões movimentados na Agrishow, de Ribeirão Preto (SP), que se encerrou no último dia 3, mais de 70% foram através de financiamento. Na última Expointer, realizada no ano passado, em Esteio (RS), foram contratados R$ 1,5 milhão em financiamento agrícola. À época, o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas (Simers), Cláudio Bier, havia classificado os números como “inimagináveis”. O Rio Grande do Sul ainda se recuperava de um período seca, quando o acesso ao crédito se torna mais restrito.

Planejamento

Assim, o produtor que quiser aproveitar o crédito rural deve, primeiramente, pesquisar os programas federais existentes. Uma das linhas de crédito mais conhecidas é o Financiamento Nacional de Máquinas e Equipamentos (Finame), do BNDES. Bancos credenciados oferecem essa opção para compra de maquinário que tenha ao menos 60% dos componentes produzidos no Brasil. O limite de financiamento é de R$ 1 milhão, e o prazo de pagamento, de até 120 meses, com taxa de juros de 3% a 3,5% ao ano.

Os juros baixos minimizam os riscos, mas não os excluem. No caso de um financiamento para investimento, a dica de John Sato, superintendente de Crédito e Risco do banco cooperativo Sicredi, é que o produtor avalie muito bem as condições de comprometer parte de seus rendimentos para pagamento das parcelas antes de apresentar uma proposta ao banco.

Algumas variáveis, no entanto, são pouco previsíveis – como o clima. “Para a aquisição de um bem de valor relevante, é imprescindível que o produtor possua planejamento de longo prazo. Tendo em vista que os riscos climáticos estão cada vez mais presentes, é aconselhável se ter reservas para o caso de perdas nas safras futuras”, sugere Sato. Os produtores precisam ficar atentos ainda aos preços futuros, afinal o mercado pode flutuar, e, com ele, os ganhos.

<p>Com juros baixos, Pronaf pode ajudar pequenos agricultores na aquisição do primeiro trator</p>
Com juros baixos, Pronaf pode ajudar pequenos agricultores na aquisição do primeiro trator
Foto: Shutterstock

Agricultura familiar

Reconhecidamente, os produtores com mais dificuldade para acesso ao crédito são os menores. Por disporem de menos recursos, podem ser considerados menos capazes de cumprir os contratos. Para a agricultura familiar, existe o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). O limite do Pronaf é de R$ 130 mil por ano e de R$ 200 mil por contrato, com a possibilidade de pagamento da dívida total em 10 anos. Para compras de até R$ 10 mil, a taxa de juros é de 1% ao ano. Para operações mais caras, a taxa sobe para 2%.

Com o intuito de utilizar essa linha de crédito, o produtor deve empreender um bom planejamento. Antes de pensar em valores, precisa definir qual será o alvo do financiamento. Depois, deve procurar a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de seu estado para obter a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) gratuitamente. Com a documentação adequada, possuindo conta bancária e o DAP, pode apresentar o projeto completo, com metas de produção, cultivo e ressarcimento financeiro, a um agente de um banco público federal, de desenvolvimento ou cooperativo, ou a cooperativas de crédito.

Para evitar imprevistos, Sato recomenda que os agricultores familiares contratem seguro agrícola. “Para minimizar os riscos dos produtores rurais de pequeno porte, existe a possibilidade de segurar o valor das parcelas de financiamento no caso de perdas na safra. O indicado é que o produtor contrate juntamente com a operação um seguro agrícola para não ter problemas de inadimplência”, explica.

Nordeste

De acordo com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Piauí, alguns produtores do estado acabam se endividando com linhas de crédito para custeio por escassez de informação e falta de assistência na aplicação dos recursos. A restrição ao crédito no interior do Nordeste também ocorre devido à dificuldade dos produtores em apresentar os documentos necessários. A Bahia, principalmente, vive hoje uma situação mais difícil, pois a seca que atingiu o estado deixou 100 municípios em situação de emergência e complicou ainda mais as operações de crédito.

Segundo o Secretário de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrária, Valter Bianchini, o governo federal tem feito o possível para aumentar os recursos enviados para a região do semiárido nordestino. Bianchini revelou ao Terra que os prazos foram prorrogados por conta das dívidas da seca na Bahia. “Operamos microcrédito e investimos R$ 400 milhões em assistência técnica para os produtores. Para o caso da seca, a primeira parcela foi prorrogada para 2015 e, assim que começar a chover, eles poderão pleitear novos recursos”, afirmou.

No ano passado, foram contratados R$ 16 bilhões por meio do Pronaf, conforme o MDA. Na safra 2012/2013, que só termina no dia 30 de junho de 2013, a estimativa é de superar os R$ 17 bilhões para mais de 1,8 milhões de contratos.

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