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Brasil não sai derrotado sem presidência de banco, diz Dilma

15 jul 2014 - 18h50
(atualizado às 18h55)
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"Uma coisa dessas não sai se não houver uma busca de consenso", disse Dilma
"Uma coisa dessas não sai se não houver uma busca de consenso", disse Dilma
Foto: Silvia Izquierdo / AP

A presidente Dilma Rousseff negou nesta terça-feira que o Brasil tenha saído derrotado politicamente por perder a primeira presidência do Novo Banco de Desenvolvimento, criado nesta terça-feira durante cúpula do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Segundo a presidente, a Índia será a primeira a indicar um executivo para presidir a instituição por ter feito a proposta de um banco de desenvolvimento conjunto.

“Na história do banco do Brics e do arranjo contingente de reservas, a Índia propôs o banco e nós, o arranjo. Então, todos nós consideramos que era justo que a presidência ficasse com o país que havia proposto”, explicou a presidente. “Uma coisa dessas não sai se não houver uma busca de consenso”, acrescentou.

Segundo fontes da diplomacia brasileira, na véspera do encontro dos líderes do bloco emergente, o acordo se encaminhada de modo que o Brasil ficasse com a presidência da instituição. Com o apelo da Índia em ficar com o cargo, houve um impasse, que só foi solucionado nesta terça-feira. O Brasil será o segundo país a indicar um presidente para o banco. Como “prêmio de consolação”, segundo interlocutores do governo, o Brasil presidirá o conselho de administração.

Dilma afirmou ainda que a criação do banco e do arranjo contingente de reservas (um mecanismo anticrise do grupo) não é um contraponto a instituições multilaterais tradicionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. “Essas instituições não são contra ninguém”, disse a presidente referindo-se aos mecanismos recém-criados. “São a nosso favor. É uma outra perspectiva”.

Dilma recebe líderes de países do Brics em Fortaleza:

Para a presidente brasileira, as novas instituições deverão, depois de amadurecidas, olhar “com toda a generosidade” para os países em desenvolvimento. Ela não adiantou se a Argentina, por exemplo, que passa por uma forte crise econômica, poderia ser uma das contempladas por uma ajuda do bloco emergente por meio das novas instituições. Segundo técnicos do governo, o arranjo contingente de reservas (que funciona de maneira similar ao FMI) deverá, no entanto, ser utilizado apenas em crise de balanço de pagamentos dos países-membro.

Cúpula

Foram assinados na cúpula de Fortaleza quatro acordos entre os países do grupo emergente. A criação do Novo Banco de Desenvolvimento foi a que envolveu maior concentração diplomática uma vez que se instalou um impasse na escolha da sede da instituição e que país indicaria seu primeiro presidente.

No final, o Brasil – que insistia em deter a primeira presidência – cedeu a chefia do banco para um executivo indicado pela Índia, Xangai (China) foi escolhida como sede do banco, e o ato foi definido. O capital previsto para o banco é de US$ 100 bilhões – o fundo inicial será de US$ 50 bilhões – com divisão igualitária das cotas entre os cinco membros. 

“Tomamos hoje uma decisão histórica com a criação do banco do Brics e o arranjo contingente de reservas. Quando iniciamos as negociações, poucos acreditaram que se tornaria realidade tão rapidamente”, afirmou a presidente. De acordo com Dilma, "o banco representará uma alternativa para as necessidades de financiamento dos países em desenvolvimento" e "compensará as deficiências de crédito" que existem atualmente nas instituições financeiras multinacionais.

Sobre o fundo de contingências, que será usado pelos países dos Brics em caso de turbulências monetárias internacionais, a presidente garantiu que ele "contribuirá para a estabilidade financeira global" e que também "complementará os mecanismos existentes". Dilma defendeu que "pelo peso de suas economias e influência em suas regiões", os países do Brics "não podem ser alheios às grandes questões internacionais", já que se transformaram em "fatores essenciais para a economia global.

Fonte: Terra
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