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Bovespa acumula pior desempenho entre principais bolsas do mundo

O principal índice brasileiro de ações acumula queda no ano até o fechamento de terça-feira de 16,34%

11 dez 2013 - 17h08
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Se mantiver nos próximos 20 dias o desempenho que tem tido ao longo deste ano, o Ibovespa deve encerrar 2013 com sua pior performance em relação aos índices americanos em 15 anos. O principal índice brasileiro de ações acumula queda no ano até o fechamento de terça-feira de 16,34% - de longe a pior performance entre os principais índices acionários do mundo.

No mesmo período, o índice Dow Jones acumula alta de 21,89%, uma diferença de 38 pontos percentuais em relação ao Ibovespa. Em dólares, a queda anual do Ibovespa é ainda maior, de 26,15%.

Essa diferença negativa é a maior desde 1998, quando a bolsa brasileira foi afetada por uma crise de confiança em relação aos mercados emergentes, após a moratória da Rússia. Naquele ano, o Ibovespa caiu 33,5% e o Dow Jones subiu 16,1%, diferença de 49,6 pontos percentuais.

A diferença negativa do Ibovespa também é a maior em uma década e meia em relação ao índice S&P 500.

Em 2013, os índices acionários americanos quebraram repetidamente máximas históricas, movidos por indicadores de recuperação no país e amparados pelo programa de estímulos do Federal Reserve, banco central local, que compra mensalmente US$ 85 bilhões em títulos, injetando liquidez no mercado.

Já no Brasil, o crescimento econômico menor que o esperado e temores fiscais levaram a bolsa a seguir trajetória oposta.

Na avaliação do analista sênior do BB Investimentos, Hamilton Alves, esse descolamento se acentuou quando a agência de classificação de risco Standard & Poor's revisou, em junho, a perspectiva do rating soberano do Brasil de estável para negativa, citando o fraco crescimento e a política fiscal expansionista.

Naquele mês, o Ibovespa recuou 11,3%, contra baixa de 1,36% do Dow Jones.

Em outubro, a Moody's reduziu a perspectiva do rating soberano brasileiro de positiva para estável, citando a deterioração da relação dívida/Produto Interno Bruto (PIB), o nível dos investimentos e o fraco crescimento, o que agravou preocupações do mercado.

"Todo mundo já colocou a perspectiva do rebaixamento no preço. Evidentemente, os agentes que têm que ter dois graus de investimento ou mais para investir já tiraram dinheiro (do País)", afirmou Alves, do BB Investimentos.

As três principais agências de rating - S&P, Moody's e Fitch - classificam o Brasil com o segundo grau de investimento.

A decepção do mercado com a situação das contas públicas do país têm se agravado à medida que o cumprimento da meta fiscal para o ano fica cada vez mais distante.

Em 12 meses até outubro, o superávit primário, economia para pagamento de juros da dívida, foi equivalente a 1,44% do PIB, longe dos 2,3% da meta ajustada para 2013 e o pior desempenho para o período desde novembro de 2009.

"O receio é que haja um downgrade depois de sofrermos tanto para ter um upgrade, o que o mercado já antecipa em meio a um crescimento econômico frustrante e à política econômica que não tem sido bem avaliada", afirmou o sócio da Cultinvest Asset Management Walter Mendes.

O desempenho do Ibovespa também foi prejudicado pela derrocada de papéis do grupo EBX, do empresário Eike Batista. A ação da Óleo e Gás Participações, ex-OGX, que tinha um dos maiores pesos no Ibovespa --até a empresa pedir recuperação judicial e o papel deixar o índice - derreteu ao longo do ano, com queda de quase 95%, arrastando consigo o Ibovespa. As ações de outras empresas do grupo de Eike, como da mineradora MMX com queda acumulada de cerca de 85%, também ajudaram a derrubar o índice.

Outros índices brasileiros, como o IBr-X e o IBr-X 50, tiveram queda menos acentuada que o Ibovespa, cuja metodologia será alterada no ano que vem para evitar tais distorções.

Mendes, da Cultinvest, acredita que pode haver uma recuperação no Ibovespa devido aos preços baixos, mas dificilmente em 2014, ano de eleição presidencial e com pouco perspectiva de mudança na política fiscal brasileira.

Além disso, estima-se que ocorrerá no ano que vem inevitavelmente uma redução no programa de estímulos do banco central americano, o que reduzirá os fluxos de liquidez para mercados emergentes.

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