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Boom brasileiro opõe classes médias tradicional e emergente, diz 'FT'

21 jul 2011 - 08h39
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<br/>O sucesso das políticas do governo brasileiro para tirar milhões de pessoas da pobreza na última década vem provocando a criação de dois tipos opostos de classe média, afirma reportagem publicada nesta quinta-feira pelo diário econômico britânico <i>Financial Times</i>.<br />O jornal observa que os 33 milhões de brasileiros que deixaram a pobreza para integrar a nova classe média emergente foram os grandes beneficiados pelas políticas oficiais, enquanto a classe média tradicional considera que a situação no período ficou mais difícil.<br />"Os preços da carne e da gasolina dobraram, pedágios nas estradas subiram e comer fora ou comprar imóveis ficou proibitivamente caro", lista a reportagem. O jornal comenta que 105,5 milhões dos 190 milhões de brasileiros são considerados hoje de classe média, mas que os 20 milhões da classe média tradicional, com renda mensal maior que R$ 5.174, estão "no lado perdedor".<br />"Diferentemente da Índia, onde a antiga classe média se beneficiou com a criação de novas indústrias, como o fornecimento de serviços terceirizados de tecnologia da informação, muitos na classe média brasileira reclamam de aumentos de preços, impostos, infraestrutura congestionada e mais competição por empregos", diz a reportagem.<br /><b>Perda de renda</b><br>O jornal cita o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marcelo Neri, que se dedica a estudar a classe média, segundo o qual a renda dos 50% mais pobres cresceu 68% em termos reais nos últimos dez anos, enquanto os 10% mais ricos viram sua renda crescer somente 10% no período.<br />Ele destaca ainda outro dado ainda mais revelador, que mostra que a renda média dos analfabetos brasileiros cresceu 37% entre 2003 e 2009, enquanto aqueles com estudo universitário tiveram uma perda de 17% na renda no mesmo período. Na avaliação de Neri ao jornal, as mudanças representam um reordenamento da riqueza no país que estava pendente desde a abolição da escravatura, em 1888.<br />A reportagem afirma que "o processo tem sido em parte impulsionado pelo maior acesso à educação", com o aumento da oferta de cursos universitários privados à nova classe média, que passou a competir com a classe média tradicional por empregos.<br /><b> Efeito político</b><br>O jornal observa que o efeito político da redução da pobreza levou a presidente Dilma Rousseff a lançar recentemente um programa para retirar outros 16 milhões de brasileiros da pobreza, mas afirma que isso não garantirá a ela os votos da classe média tradicional, concentrada nos Estados industrializados do sul do país, especialmente em São Paulo.<br />"Alguns reclamam que o governo ajuda os pobres por meio de benefícios e aumentos salariais e os ricos por meio de empréstimos subsidiados para suas empresas", diz a reportagem. "Isso inunda a economia com dinheiro, levando à inflação, a qual o Banco Central tenta então combater com aumentos de juros, penalizando a classe média", continua o <i>Financial Times</i>.<br />A reportagem conclui afirmando que "enquanto muitos nas classes médias tradicionais do Brasil concordam com a distribuição de renda, eles estão temerosos sobre o quanto isso está lhes custando". <br /><br /><a href="http://www.bbc.co.uk/portuguese/index.shtml"class="textolinkbold" target="blank"><IMG SRC="http://img.terra.com.br/i/2005/01/17/196749-0408-in.gif" WIDTH="87" HEIGHT="43" BORDER="0" alt="BBC Brasil" align="left"></a><P><br><br /><br /><br><br /><br /><br>

Fonte: Invertia Invertia
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