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'Bilionário da Copa do Mundo' é criticado em protestos pelo País, diz revista

Cesar Mata Pires é um dos que mais se beneficiaram com estádios para a Copa do Mundo e Olimpíadas de 2016

10 jul 2013 - 14h38
(atualizado às 14h42)
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Dono da construtora OAS é acusado de se beneficiar com eventos esportivos no Brasil
Dono da construtora OAS é acusado de se beneficiar com eventos esportivos no Brasil
Foto: Reprodução

Nos protestos que sacudiram o Brasil no mês de junho, um cartaz chamou a atenção: “o dinheiro da educação foi para a OAS”. A mensagem fazia referência à construtora de Cesar Mata Pires, uma das que mais se beneficiaram com a construção de estádios para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016, de acordo com informações da Bloomberg publicadas nesta quarta-feira. O empresário, genro do ex-senador e governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães, tem uma fortuna estimada em US$ 4,3 bilhões (cerca de R$  9,7 bilhões), segundo o índice de bilionários da mesma publicação.

Segundo a publicação, o empresário, de 63 anos, não costuma chamar a atenção para sua fortuna e nunca apareceu em um ranking internacional de riqueza. Existem poucas fotos dele publicamente disponíveis. Mata Pires não quis dar uma entrevista para a publicação, mas Diego Barreto, diretor de finanças corporativas e relações com investidores da OAS afirmou que o cálculo da revista para a fortuna do empresário era "muito conservador". Segundo ele, as acusações dos manifestantes direcionadas à empresa eram “ignorantes" e “simplistas". Ele afirmou que a companhia obedeceu sempre à lei.

Um dos dois projetos da Copa do Mundo da OAS é o estádio previsto para a cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, que tem uma população de menos de 1 milhão de habitantes e nenhum time de futebol da primeira divisão, diz a publicação. Esse foi um dos quatro estádios apontados pelos auditores do governo em um relatório sobre os gastos da Copa como potenciais elefantes brancos.

Após a Copa do Mundo, Mata Pires planeja reduzir os 45 mil assentos do estádio em cerca de 50%, para criar espaço para lojas e consultórios médicos. O estádio também sediará shows e eventos, o que deve ajudar a tornar o edifício rentável após o término dos jogos. "Nossos projetos tornaram-se arenas, que são mais do que estádios", disse ele. "Uma arena é um grande shopping center, que acontece de ter um campo de futebol no meio", completou.

Segundo a reportagem, para concretizar a obra dos estádios, o empresário precisou recorrer a empréstimos do Banco nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), dentre outros bancos. O site da OAS,  afirma que a Caixa Econômica Federal oferece financiamento para a construtora, assim como os três maiores fundos de pensão do País: a Previ, do banco do Brasil, a Funcef, da Caixa, e a Petros, da Petrobras.

História

Mata Pires está acostumado com a riqueza. Natural de Salvador, filho de um rico fazendeiro de gado, o empresário estudava Engenharia Civil na Universidade Federal da Bahia (UFBA) quando conseguiu um estágio na construtora Odebrecht. Junto com Durval Olivieri, o engenheiro que o contratou, e outro sócio, fundou em 1976 a Olivieri, Araújo, Suarez Engenheiros Associados (Araújo é o nome de solteira da mãe de Mata Pires).

Seus primeiros trabalhos foram subcontratos da Odebrecht, a maior construtora do Brasil, e por intermédio da empresa ele conheceu o governador da Bahia, Antonio Carlos Magalhães, que viria a se tornar seu sogro e impulsionou a empresa do genro nos anos da ditadura brasileira.

O empresário chegou a ser investigado em 1992 por seu envolvimento com o então presidente Fernando Collor, que chegou a receber um jet ski de Suarez, parceiro de Mata Pires, como um presente antes de assumir o cargo. No mesmo ano, a Assembleia Legislativa da Bahia abriu um inquérito formal sobre uma possível corrupção envolvendo a OAS e o clã Magalhães, mas ele não chegou a ser acusado criminalmente.

Conforme a publicação, a empresa é uma das maiores doadores de campanhas do País, junto com um punhado de outras empresas de construção que competem por contratos públicos. Através da OAS, Mata Pires deu, pelo menos, R$ 9,9 milhões para o PT nas eleições municipais de 2012, ou 4,5% do total de doações nacionais do PT naquele ano. A empresa também deu pelo menos R$ 8,2 milhões à coalizão da presidente Dilma Rousseff, aliada do PMDB, cerca de 6,8% do total recebido. Os valores não consideram doações individuais a políticos.

"Eles são fortes lobistas. O dinheiro público deveria estar indo para o bem público, mas todos os benefícios vão para essas empresas privadas", disse Christopher Gaffney, professor de urbanismo da Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro, cujo blog acompanha o desenvolvimento dos estádios “elefantes brancos” do Brasil.

Segundo Barreto, as doações de campanha não têm nenhum efeito sobre a vitória da OAS nas licitações. "A empresa financia campanhas de todos os partidos para que eles possam cada um traz o seu melhor discurso para a rua, e que ganhe o melhor discurso", disse ele. "Para nós, o que seria interessante é que o PIB do Brasil crescesse como o da China, o que significaria dobrar os rendimentos, o número de profissionais que contratam e gerar o dobro da riqueza".

Dentre os cerca de 2 mil projetos da empresa destacam-se a icônica ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira, em São Paulo, e 4,6 mil quilômetros de estradas. No ano passado, ele ganhou um contrato de 15 anos para fornecer cinco navios-sonda para a Petrobras. A empresa conta com 80 mil funcionários.

Fonte: Terra
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