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BC elevará taxa de juros para 14,75% em janeiro, diz Focus

11 jan 2016 - 10h04
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Sede do Banco Central, em Brasília.  15/01/2015
Sede do Banco Central, em Brasília. 15/01/2015
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

O BC (Banco Central) deve decidir pelo aumento da taxa básica de juros de 14,25% para 14,75% na reunião que acontece nos dias 19 e 20 da próxima semana, segundo o Boletim Focus.

Os agentes de mercado vêm tentando calibrar suas apostas para a primeira reunião do ano levando muito mais em consideração o ambiente político do que o econômico.

Com a substituição de Joaquim Levy por Nelson Barbosa no Ministério da Fazenda, havia o receio de que as recentes sinalizações do BC de que poderia aumentar a Selic - no intuito de segurar o aumento de preços neste ano - poderiam ir por água abaixo.

A avaliação de uma parcela do mercado é de que o aprofundamento da recessão pode levar o governo a pressionar Alexandre Tombini, presidente do BC, para que ele segure os juros no nível atual ou até mesmo faça cortes na tentativa de estimular a economia. Ou pelo menos deixá-la um pouco menos pressionada.

Recado em carta

As projeções divulgadas nesta segunda-feira (11) foram colhidas com instituições financeiras até a última sexta-feira (8), mas não incorporam os últimos recados de membros do governo.

O BC buscou sinalizar sua independência com a carta de Tombini para Barbosa, na qual ele explica os motivos para o estouro do teto da meta da inflação em 2015, que ficou em 10,67%.

No documento divulgado na noite de sexta-feira, Tombini reiterou que a política monetária deve manter-se vigilante para conter efeitos adicionais resultantes desses movimentos, reforçando o discurso de que o BC pode subir a Selic para conter a inflação.

"O Banco Central tem a taxa de juros básica da economia e esse é um instrumento que vem utilizando e que utilizará quando necessário para trazer a inflação para a meta", disse Tombini em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, também na noite de sexta-feira.

Questionado pela Folha de S.Paulo em reportagem publicada no domingo (10), Barbosa também acenou para a independência do BC na tomada de decisões a despeito da recessão.

"O BC tem autonomia para administrar a taxa de juros, não fazemos comentário sobre política monetária. As ações de política monetária são necessárias mesmo que você tenha elevação de inflação causada por fatores não relacionados à demanda", disse o ministro.

Dessa forma, embora os agentes de mercado ainda não tivessem essas informações em mãos no momento em que fizeram suas apostas para o Focus, a projeção está alinhada aos sinais dados por Tombini e Barbosa.

Inflação resistente

Depois de adiar, ainda no ano passado, o objetivo de trazer a inflação para o centro da meta, de 4,5%, em 2016, o BC afirma que fará tudo o que for possível para alcançar esse resultado em 2017. No entanto, a tarefa está cada vez mais complicada.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) terminou 2015 com alta de 10,67% e o elevado nível de indexação da economia brasileira deve fazer com que a inércia inflacionária seja responsável por cerca de 20% do aumento de preços em 2016, segundo o jornal Valor Econômico. Os preços administrados – estabelecidos por contrato ou órgão público – que poderiam teriam seu impacto inflacionário circunscrito ao ano passado, devem ter novos reajustes. O Boletim Focus espera alta de 7,50% nos preços administrados.

Neste cenário, a perspectiva para a inflação deste ano foi revisada de 6,87% para 6,93%.

Mesmo com a projeção de novo aperto monetário neste ano, a perspectiva para a inflação em 2017 segue acima do teto da meta, em 5,20%, com alta de 5,50% nos preços administrados. Vale lembrar que em 2017 o teto estabelecido para meta é menor, de 6%.

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