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Analistas: urgência por "status" pode criar superendividados

1 ago 2011 - 15h22
(atualizado às 16h10)
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Fábio Bonillo
Direto de São Paulo

A classe C brasileira recebeu 59,8 milhões de novos integrantes entre 1993 e maio de 2011, de acordo com um estudo coordenado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ainda não acostumada a tomar empréstimos e a administrar dinheiro, a chamada "nova classe média" pode acabar se superendividando na urgência de mudar de padrão de consumo, segundo analistas.

Em junho, segundo o Banco Central (BC), a inadimplência de pessoas físicas ficou em 6,4%. São considerados inadimplentes os consumidores que estão com pagamentos atrasados há mais de 90 dias. O atraso de 15 a 90 dias também manteve-se inalterado em 6,3%, em junho. O volume total dos empréstimos bancários (crédito livre e crédito com subsídio) alcançou R$ 1,8 trilhão em junho. O resultado equivale a um crescimento de 1,6% em relação ao mês anterior, de 7,5% no acumulado do primeiro semestre e de 20% nos 12 meses.

Segundo o especialista em mercados emergentes da Data Popular Renato Meirelles, o endividamento no Brasil ainda é inferior aos países que integram o grupo conhecido como Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). Mas, na opinião dele, se o País continuar crescendo nos anos seguintes ao mesmo ritmo atual, é possível que haja uma crise de crédito. "É preciso entender que usar bem o crédito é poder usá-lo sempre. Ele é urgente para a classe C, que não quer mais esperar anos para comprar à vista um bem que ela pode ter agora pagando aos poucos, por exemplo", afirma.

Para o diretor-executivo da DSOP Educação Financeira, Alexandre Damiani, o consumidor tem que avaliar se realmente precisa do bem com urgência ou se apenas quer consolidar mais rápido seu "status" agora que ingressou em outra classe econômica. "Assim, como o consumidor nunca teve acesso ao crédito, compra desde liquidificador até carro em muitas prestações, esquecendo de conferir que pode acabar pagando até duas vezes o valor do produto em juros", afirma.

Segundo ele, a maior inadimplência observada na classe C é no financiamento do automóvel. O consumidor compra o carro, passeia mais com a família para comer fora, paga estacionamento, seguro, gasolina, e o que era uma prestação de R$ 400 que cabia no bolso se duplica com essas despesas não consideradas antes de tomar o empréstimo, diz Damiani. Por isso, ele recomenda ao consumidor que, em vez de antecipar um desejo de consumo por meio de financiamento, comece a criar o hábito de poupar, para que essa antecipação não "mate" a possibilidade de adquirir outros produtos.

A primeira dica para se organizar é anotar durante 30 dias todos os gastos da família, para cortar gastos supérfluos. Depois, estabelecer um limite de despesas para poupar todo mês um valor mínimo, e direcioná-lo à poupança, caso se deseje adquirir o bem de consumo em até aproximadamente 18 meses, ou ao Tesouro Direto ou Certificado de Depósito Bancário (CDB), se puder esperar mais para comprar, indica Damiani.

Fonte: Terra
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