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Agência de viagem foca na classe D e lucra na periferia

14 mar 2012 - 07h20
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Em 2011, o setor de turismo no País bateu um recorde: foram mais de 79 milhões de desembarques domésticos, 15,8% a mais do que 2010, segundo o Ministério do Turismo. O número é o maior da série histórica, que começou em 2000. Outro dado que mostra a importância do setor para o País é o fato que o segmento corresponde a 3,6% do Produto Interno Bruto Nacional (PIB). Entre os empreendedores que ganham dinheiro com o aquecimento desse mercado, estão aqueles que focam o turismo para as classes de baixa renda.

Segundo dados do Ministério do Turismo, em 2011 houve mais de 79 milhões de desembarques domésticos no Brasil. O volume é o maior em 11 anos
Segundo dados do Ministério do Turismo, em 2011 houve mais de 79 milhões de desembarques domésticos no Brasil. O volume é o maior em 11 anos
Foto: Rubens Chiri/Banco de Imagens do Governo do Estado de São Paulo / Especial para Terra


Segundo Edmar Bull, vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem (ABAV), no ano passado aumentou em 12% o total de vendas de tíquetes com tarifas médias de R$ 321 - passagens aéreas tipicamente consumidas por pessoas das classes C e D.



O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divide as classes sociais em:

- Classe E: pessoas com renda familiar de até R$ 751 por mês

- Classe D: pessoas com renda familiar mensal entre R$ 751 e R$1.200

- Classe C: composta de famílias com renda entre R$ 1.200 e R$ 5.174 por mês

- Classe B: famílias com renda mensal de R$ 5.174 e R$ 6.745

- Classe A: famílias com renda superior a R$ 6.745 por mês

De acordo com Bull, a maior parte das agências de turismo do Brasil é de pequeno e médio porte. Apesar de elas estarem distribuídas por todo o País, há uma maior concentração em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. "No entanto, mesmo nessas metrópoles ainda há espaço para novos empreendedores", afirma. Para o executivo, o mercado ainda tem muito fôlego para crescer nos próximos anos. "O Brasil usa apenas 10% do seu potencial no ramo de turismo", opina.

Empresa Vai Voando aposta em pontos de venda nas periferias

Com 25 anos de experiência no ramo de viagens, o empreendedor Thomas Rabe decidiu, há quatro anos, apostar na chamada base da pirâmide. "A questão da divisão de classes sociais não é muito clara. Cada instituto usa uma métrica. A base da pirâmide - que também pode consumir viagens - seria o equivalente à classe D", explica.

Rabe percebeu que um nicho de consumidores não estava sendo atendido e que as companhias aéreas poderiam encontrar nessas pessoas os passageiros que faltavam para lotar seus voos. Com isso, a distribuidora de viagens Vai Voando começou a operar há um ano e meio.

Hoje, a Vai Voando tem dez unidades próprias, mas está distribuída em outros 130 pontos de venda, localizados nas periferias de São Paulo e do Rio de Janeiro. O número corresponde a agências conveniadas, normalmente de ônibus, que vendem também passagens da distribuidora adotando o modelo store in store (loja dentro da loja).

"É preciso salientar que existe uma diferença entre a tão alardeada classe C e a base da pirâmide. A última é composta por pessoas que apenas recentemente obtiveram uma renda extra e a usam, entre outras coisas, para viajar. No entanto, ao contrário da classe C, não viajam a lazer. Fazem o que chamamos de 'viagem do coração': visitam familiares que moram nos seus estados de origem", explica Rabe.

Ir até onde as pessoas da classe D moram é outro diferencial das empresas que focam esses consumidores. Por isso a Vai Voando não está em shoppings ou grandes centros comerciais. É nas favelas e na periferia que ela tem espaço. "A base da pirâmide simplesmente não vai até uma agência de viagem tradicional para comprar passagens aéreas. Essas pessoas se autoimpõem uma barreira. Acham que não é um lugar para elas", esclarece Rabe.

Para o empreendedor que deseja apostar no ramo, Rabe dá a sua dica: "entenda como esse consumidor se comporta. Saiba que ele precisa de crédito, que terá difícilduda para comprovar renda e que existe uma maneira particular de fazer publicidade para esse nicho".

Entre os benefícios - além de apostar em um segmento em expansão - está o de saber que a empresa contribui para a inclusão social. "Chega a ser emocionante ver alguns clientes conseguirem, depois de anos, visitar os parentes que estão no Norte e Nordeste do País. E, o melhor, que eles vão de avião.", diz.

O empreendedor hoje é sócio minoritário da Vai Voando. É que para garantir a entrada do capital necessário para expandir a empresa, ele vendeu a maior parte de suas ações. A marca espera fechar o ano de 2012 com pontos de venda também em Brasília e em Belo Horizonte. Com cerca de 2 mil embarques por mês atualmente, a distribuidora quer chegar a 5 mil passageiros por dia daqui a cinco anos. Para expandir a marca e conquistar abrangência nacional, a empresa começará a operar pelo modelo de microfranquias ainda este ano.

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Especial para p Terra

Fonte: Terra
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